quinta-feira, 11 de março de 2010

Opinião: Falta bom senso à mãe que aplica botox na filha de 16 anos

Cuidar da aparência é positivo, mas não pode ser razão da existência.Atitude mostra que pessoa não valoriza em si outros aspectos.





Cada vez mais têm surgido técnicas estéticas que ajudam as pessoas a manter uma aparência jovem. Vão desde cirurgias plásticas até pequenos procedimentos que não precisam de um médico para aplicar. Elas têm possibilitado que muitas pessoas se sintam melhor consigo próprias, livrando-as de algumas imperfeições ou simplesmente deixando-as mais bonitas.


Cuidar de si e da aparência é uma coisa positiva, todos devem fazê-lo. É uma demonstração de apreço por si próprio. Alguns, no entanto, parecem fazer disso uma religião ou a razão de sua existência.

A esteticista inglesa Sarah Burge, de aproximadamente 50 anos, chegou a gastar mais de um milhão de reais em cerca de cem procedimentos dessa natureza. A não ser que uma pessoa tivesse algum problema sério de aparência, isso é, no mínimo, um exagero. E não para por aí.

Botox

Há um ano, sua filha de 16 anos faz aplicações de botox realizadas pela mãe porque se sentia “horrorosa” ao observar rugas em seu rosto. Sua ideia foi vista com bons olhos pela mãe, por ter sido muito sincera ao expor seus desejos.
Concordo com Sarah: reconhecer um desejo é importante, faz com que a pessoa se sinta mais integrada; realizá-lo é uma outra história. Nem tudo o que se deseja pode ou deve se realizar.
 Não dá para saber porque mãe e filha usam tanto desses recursos estéticos. Mas isso nos permite pensar algumas coisas como, por exemplo, qual a necessidade que uma pessoa tem de mudar incessantemente algo em si? E, às vezes, quando nem precisa.




Provavelmente, muitas dessas pessoas fanáticas pela aparência percebem a necessidade de mudança, mas não identificam onde ela se faz necessária. Então, cortam um pedaço aqui, remendam outro ali... E aquilo que deve ser mudado fica do jeito que está. E a necessidade continua.

E a intervenção estética acaba funcionando como uma forma mágica de resolver as coisas. Como isso não acontece, passada a euforia da transformação física, precisam novamente fazer uma modificação.

Dar tanta importância a aparência física pode revelar o quanto aquela pessoa não consegue enxergar e valorizar em si outros aspectos, reduzindo-se a um corpo. Com isso, corre um sério risco de usá-lo como um meio para conseguir qualquer coisa na vida. Afinal, ela não é só isso?

O número de adolescentes que buscam esses recursos tem aumentado. Não esperam nem a ação do tempo. É necessário que os pais fiquem atentos a isso e usem o bom senso: uma coisa é querer se cuidar, outra bem diferente é procurar e enxergar rugas num rosto de 15 anos.

Os filhos têm que ser ajudados para poderem discernir algumas situações da vida e não entrar em enrascadas. Para isso, precisam de pais maduros que os orientem.

O que não foi o caso dessa garota.

(Ana Cássia Maturano é psicóloga e psicopedagoga) 

Matéria retirada: G1

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